quarta-feira, 6 de março de 2013

Abiu, mais uma delícia, das muitas que vêm da Amazônia!

 
 
Não é à toa que Alex Atala está fazendo da Amazônia o seu celeiro particular de ingredientes e ganhando notoriedade no mundo da gastronomia. A cada nova descoberta e novo fruto da região que eu conheço e experimento aumenta a minha admiração pela cultura daquela região. Ainda outro dia ganhei duas mudas de chicória do norte vindas de Manaus para uma colega. Plantei e vingaram. Agora falta experimentá-las na cozinha.
 
Mais recentemente, comentando sobre a pitaya e a fruta pão com uma colega do curso de pós-graduação, ela me falou do abiu. Perguntou se eu conhecia. Disse-me que tem um pé enorme na casa dela. Gentilmente me trouxe a fruta, provei e adorei, um gosto todo especial, delicado e saboroso, doce.
 
 
 
Para quem, como eu, não sabia, abiu é uma fruta típica da região amazônica, próxima às encostas andinas do Peru e do oeste da parte amazônica brasileira, onde é encontrada na forma silvestre.  Alguns exemplares do abieiro fazem até parte da arborização urbana da região enfeitando praças de Manaus, sendo também encontrados nas cercanias de Belém. O nome vem do tupi- guarani e significa “fruta com ponta”.
 
 
Apesar de ser mais conhecido na Amazônia, o abieiro cresce e frutifica em quase todo o Brasil litorâneo, por onde se espalhou sem pedir licença. A forma da fruta difere bastante de uma variedade para outra, podendo ocorrer frutos inteiramente redondos, ovais e mesmo alongados, todos eles do tamanho aproximado de um ovo grande de galinha ou de pata. Sua superfície é amarela, lisa. A polpa é gelatinosa, de cor gelo, com sabor às vezes doce. O fruto maduro ou verde tem um látex que se coagula em contato com o ar e cola nos lábios. Contém proteínas; lipídios; vitaminas B, B2, B5 e vitamina C; fibras, e sais minerais tais como o ferro, o fósforo e o cálcio. Seus frutos ingeridos naturalmente são indicados contra pneumonia, bronquite, anemia e desnutrição. Também podem ser usados nos casos de convalescência. A casca da planta é antidisentérica e baixa a febre. O azeite extraído das sementes abranda inflamações na pele.
 

Medicinalmente é ainda indicada contra inflamações: fazer um cataplasma do azeite extraído das sementes; contra a otite: pingar algumas gotas do azeite do caroço, morno; contra doenças crônicas do pulmão:  fazer refeições com a polpa cozida em água e sal. Utilizar morno, inclusive o caldo, ao qual se pode adicionar mel. Este caldo pode ser tomado ao longo do dia, às colheradas.
 
Na gastronomia a fruta pode ser utilizada de várias formas: suco, polpa, sorvetes, sobremesas e até como geleia.
 
 
Licor de Abiu
 
Ingredientes:
1kg. de polpa de abiú bem maduros
1 lt. de aguardente de boa qualidade
1 kg. de acúcar
1lt. de água filtrada
Modo de preparo:
Em um vidro de boca larga, coloque a polpa e a aguardente, feche bem o vidro
Deixe macerar por 60 dias ou mais, mexendo o vidro todos os dias.
Depois disto feito, coe tudo com um coador de pano e reserve o liquido.
Com a água e o açúcar faça uma calda e deixe engrossar um pouquinho.
deixe esfriar, junte à infusão.
mexa bem com uma colher de pau.
engarrafe e vede bem.
Deixe envelhecer no mínimo por 30 dias antes de servir.
 
 
Geleia de abiu
 
 
Ingredientes
1 quilo de abiu
½ quilo de açúcar
Modo de preparar
Lave bem, retire as sementes e bata no liquidificador com pouca água e coe em coador fino.
Misture o açúcar e leve ao fogo, mexendo sem parar até ficar no ponto
Deixe esfriar na panela e acondicione em vidro bem fechado.
 
Fontes:
http://www.momentodaarte.com.br
http://minhasfrutas.blogspot.com.br/2008/12/cultura-do-abiu.html
http://www.plantasquecuram.com.br/ervas/abiu.html
http://aryansantosaryel.blogspot.com.br/2011/05/fruta-abiu.html
http://poderdasfrutas.com/categoria/abiu/
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/abiu/abiu.php
 www.bibvirt.futuro.usp.br

 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Pitaya – a exótica mexicana que conquista o Brasil


Pitaya (fruta escamosa) ou fruta do dragão, como é conhecida pela semelhança com as escamas características da figura do dragão, tem suas flores consideradas as mais belas do mundo. É nativa do México, América Central e da América do Sul. Nativa dos Andes foi levada pelos holandeses e franceses para a Ásia, onde é hoje largamente cultivada em Taiwan (há pele nos 100 anos), Vietnam, Tailândia, Filipinas, Sri Lanka, e Malásia. É também encontrada em Okinawa, Hawai, Israel, Norte da Austrália e Sul da China. O termo pitaya significa fruta escamosa, também sendo chamada de fruta-dragão em algumas línguas, como o inglês. Como a planta só floresce pela noite (com grandes flores brancas) são também chamadas de Flor-da-Lua ou Dama da Noite.
 
 
 
É fruta de aparência muito bonita e diferente, além de produzir flores noturnas de rara beleza com grande potencial ornamental. De acordo com a espécie seus frutos podem ser de cor amarelo-vivo ou vermelho externamente, de polpa branca translúcida com minúsculas sementes como o Kiwi e de sabor suave e muito agradável. Em algumas espécies a polpa é de coloração vermelha com tonalidade mais forte que a casca e são atualmente as mais procuradas para plantios comerciais.
 
Eu a conheci na Bahia, mais precisamente em Cumuruxatiba, uma pequena localidade com cerca de cinco mil habitantes. A fruta me chamou a atenção pela sua beleza e também pelo fato de um pequeno supermercado em Cumuruxatiba apresentar esta exótica fruta, à venda. Conversando com o dono do mercado soube que um agricultor da região está cultivando a fruta na Bahia com resultados positivos.
 
A Pitaya ainda é uma fruta praticamente desconhecida, mas já existe em alguns nichos de mercado, a exemplo do Europeu de frutas exóticas. Outros países como o Vietnam, Colômbia, México, Costa Rica e Nicarágua comercializam internamente suas produções, assim como exportam. Apesar da fruta ser pouco conhecida, ela possui singularidades e compõe a dieta de muitos povos, inclusive aqui no Brasil em algumas poucas regiões. É uma cultura que pode ser alternativa viável de diversificação de propriedades agrícolas, tornando-se uma fonte de renda do produtor.
 
 
No Brasil o cultivo começou há cerca de 10 anos, principalmente em São Paulo.  João Vinicius, agronomo formado em Viçosa. Minas Gerais, conta que  quando levou uma caixa pela primeira vez no Mercado Municipal der São Paulo( fmaoso por vender todo o tipo de alimentos), nem eles conheciam. Atualmente, há grande interesse no desenvolvimento dessa cultura para exportação de frutas frescas, para outros locais além dos mercados asiáticos de Singapura, Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Malásia e Tailândia.
 
 
A fruta pode pesar entre 150 a600 gramas e seu interior, que é ingerido cru, é doce e tem baixo nível de calorias. Da fruta se faz suco ou vinho; as flores podem ser ingeridas ou usadas para fazer chá. As sementes se assemelham às do gergelim e se encontram dispersas no fruto cárneo.
Pitayas são ricas em fibras e minerais, principalmente fósforo e cálcio. as vermelhas são ricas em fósforo, as amarelas em cálcio. As pitaias de casca vermelha, particularmente, são grande fonte de Vitamina C.A pitaya tem sido relatada como uma fonte de betacaroteno, licopeno e vitamina E, com concentração média de 1,4; 3,4 e 0,26 ug/100 gramas de porção comestível, respectivamente.
 
As sementes são ricas em gordura poliinsaturada, e as vermelhas em particular possuem pouca gordura saturada. Pitayas também possuem quantidades significativas de antioxidantes, que previnem os radicais livres. Em Taiawan, diabéticos usam a fruta como substituto para o arros como fonte de fibras.
A semente contém 50% de ácidos graxos essenciais, o que a torna uma fruta para uso como fonte de ingredientes funcionais para proporcionar nutrientes que podem prevenir doenças relacionadas à nutrição e melhorar a saúde física/mental e o bem-estar dos consumidores.  È rica em vitaminas, fósforo e oligossárideos que auxiliam o processo digestivo e previne o câncer de cólon e diabetes. Ajuda, também, a neutralizar substâncias tóxicas (metais pesados), reduz os níveis de colesterol e a hipertensão. As sementes têm efeito laxante. Pode-se consumir a polpa do fruto ao natural ou processado como refresco, geleias ou doces.
 

Seu gosto lembra um pouco o do melão e apesar de sua aparência chamativa, o paladar é suave. Além do fruto, que tem efeito em gastrites, o talo e as flores são usados para problemas renais. Trabalhos recentes publicado no Journal Food Chemisry (2010) estudou as propriedades prébioticas dos açúcares (oligossacarídeos) presentes na pitaya. Os prebióticos são oligossacarídeos não digestíveis que afetam beneficamente o hospedeiro por estimularem o crescimento e/ou atividade de um ou de um número limitado de bactérias no cólon intestinal, melhorando assim saúde do indivíduo.

Com tantas propriedades e indicações compartilho duas receitas:

Suco de pitaya

 
 
Ingredientes
200 ml de água
100g de pitaya sem casca
4 morangos
4 folhas de hortelã

Modo de preparo
Bata liquidificador a água, os morangos a pitaya, acrescentando por último as folhas de hortelã. Sirva gelado. Experimente este delicioso suco de apenas 50 calorias!

Salada de pitaya ao molho gorgonzola

 
Ingredientes
1 Pitaya (fruta dragão)
150 g de queijo gorgonzola
200g de creme de leite fresco
Folhas nobres, ex: Alface rúcula agrião...
Sal
 Modo de Preparo:
Lave as folhas nobres e reserve. Bata no liquidificador o queijo gorgonzola e o creme de leite fresco e reserve. Tire a casca da pitaya e corte em cubos. Disponha em uma saladeira as folhas a pitaya e pasta feita com o queijo e o creme de leite. Normalmente não precisa de sal mas se achar necessário corrija a gosto.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Fruta pão – o exótico que eu não conhecia

Faz tempo que não escrevo. Os motivos são vários,final de ano, fim de curso, muitos trabalhos e provas por fazer. Tempo curto. Querer escrever sempre sobre algo diferente. Mas 2013 está aí e é hora de retomar a rotina. Escolhi para começar este ano a fruta pão. Não a conhecia e nem tinha ouvido falar. Passei o réveillon em Comandatuba/BA e na pousada onde fiquei havia dois pés enormes. Só lamento não ter provado, estavam todas verdes. Mas com certeza não faltará oportunidade, ainda mais agora que a conheço.
 


Fui pesquisar para saber mais a respeito e descobri várias coisas interessantes. A planta é originária da Indomalásia, foi trazida para o Brasil na época da colonização e quando o Império Portugês se instalou no Brasil foi banida por ordem do imperador, ainda bem que não foi dizimada completamente.
A árvore vive 80 anos, alcança 25-30m de altura, tem copa relativamente frondosa com folhas grandes e recortadas de cor verde escura, flores amareladas e frutos globosos com 20-25 cm de diâmetro e 1-3 Kg de peso. Desenvolve-se bem em clima tropical úmido, preferencialmente em regiões baixas e chuvosas. No Brasil pode ser cultivado desde São Paulo ao Pará sendo muito encontrado em pomares de quintais do litoral dos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Foi justamente lá que a conheci.

 
As frutas pão dividem-se em duas variedades: a apyrena conhecida por fruta pão de massa, que não possui sementes e a seminifera, conhecida por fruta pão de caroço, que apresenta numerosas sementes comestíveis e polpa não comestível.
 


Fruta pão de massa
 

Fruta pão de caroço
 
Os frutos são grandes, redondos como melões, e chegam a pesar 3 kg. Sua casca é de cor verde-amarelada e sua polpa é amarelo-escura nas frutas de massa e amarronzada na variedade com sementes. As frutas de massa são ricas em amido, proteínas e vitaminas e podem ser consumidas cozidas, assadas, em doces ou até mesmo fritas. Também podem ser transformadas em farinha  e utilizadas em panificação e confeitaria. As sementes também são comestíveis e podem ser preparadas como outras castanhas, assadas ou cozidas.A polpa do fruta-pão de massa é rica em calorias, carboidratos, água, vitamina B1, B2, C, cálcio, fósforo, ferro e tem baixo teor de gorduras.
 A madeira, de cerne amarelado que passa a castanho após cortada, é resistente a insetos, é fácil de trabalhar, é utilizada na fabricação de forros, portas, instrumentos musicais e marcenaria; também produz carvão utilizável no preparo da pólvora.
O látex - do fruto e do tronco - por viscosidade, é utilizado para capturar pássaros, para fabricação de colas e em associação com fibras, usado para calefetar barcos.
A farmacopeia popular tem utilizado das seguintes formas: - Raiz: como antidiarréica; seu cozimento torna-a útil contra reumatismo, beribéri e entorpecimento de pernas dos humanos; - Flores novas (frescas): são emolientes e base de conserva acídula e comestível; - Polpa do fruto: reduzida a pasta quente é supurativo para tumores e furúnculos; - Sementes: são tônico para estômago e rins; - Látex: usado como cicatrizante de feridas.
Foram grandes comedores de Fruta Pão, os Imperadores chineses, os príncipes da Índia majestosa, os Sultões da Pérsia, Sidharta Gautama, o "Buda" - Sócrates e Platão, Péricles e Alcebíades - e até a maior poetisa da antiguidade, Safo. Na ilha de Lesbos reunia as suas ninfetas e cantavam e se amavam, e comiam a Fruta Pão com camarões, e depois iam declamar seus versos, cantar e tocar a Lira.
As sacerdotisas dos oráculos de Cumas e de Delfos na  Itália, só se alimentavam de Fruta Pão e mel de abelhas silvestres.
Depois das cerimônias amorosas do Kama Sutra e do Tantra Yoga, na India, os praticantes se alimentavam com a nutritiva sopa de fruta pão, para energizarem o corpo e fortalecerem a mente cansada pelos combates amorosos.
Nos monumentais banquetes Romanos, não podia faltar pétalas de rosa, javalis, alface e a delicada sopa de fruta pão, acompanhada de uma finíssima linguiça de testículos de macacos, que se apreciava como afrodisíaco.
Nero Comia fruta pão com alho para melhorar a voz para a prática do canto e da oratória. Possuía voz belíssima e declamava versos de poetas gregos e Romanos. Segundo historiadores sérios, era um artista de fato.
Dizem que Napoleão Bonaparte curava suas diarreias, tomando um chazinho de camomila e banho com as folhas da árvore do fruta-pão.
Para dar água na boca vão aí duas receitas:
 
Nhoque de fruta-pão

Nhoque Al pesto
 
Nhoque ao Sugo


Ingredientes para a massa
1 kg de Fruta-pão
220 g de farinha de trigo.
1 colher (sopa) de manteiga.
4 colheres (sopa) de parmesão ralado.
2 gemas. se for piq usar 3
1 pitada de noz-moscada.
sal e pimenta a gosto.
 
Modo de fazer
 
Cozinhe o fruta-pão, retire as cascas e corte em pedaços. Passe pela peneira ou espremedor aos poucos ou simplesmente amasse, formando um purê. Faça uma depressão no centro e coloque a farinha de trigo, as gemas, a manteiga, o parmesão, a noz-moscada, sal e pimenta a gosto. Misture, fazendo movimentos circulares de dentro para fora. Amasse ligeiramente até obter uma massa homogênea. Faça rolinhos de 1,5 cm de espessura. Corte em pedaços de 2 cm. Polvilhe com farinha sempre que precisar para não grudar. Aperte levemente cada pedaço com a ponta de um garfo. Aos poucos, coloque em água fervente e cozinhe até subirem à superfície. Escorra bem. Rende oito porções.
 
Carne Assada com Fruta Pão
 
 
Ingredientes
1,5 de largato redondo
300 gr de calabresa
2 cenouras
8 batatas
1 fruta pão
Qb de louro
Qb de cominho
Qb de ervas finas
Qb de sal
1 cebola grande
1 cbç de alho
Qb de colorau
Qb de cheiro verde
100 gr de bacon
1 colher de açúcar
Modo de preparo
Tempere a carne com  alho,  louro, cominho, ervas finas, sal e cebola. Deixe descansar por 20 minutos depois recheie a carne com uma calabresa, duas cenouras e uma tira de bacon. Coloque em uma panela de pressão com um pouco de açúcar para dourar em seguida acrescente um pouco de água e cozinhe na pressão por 25 minutos. Em seguida acrescente as batatas cortadas em duas partes e a fruta pão, o cheiro verde e o colorau,  a calabresa em rodelas e cozinhe por mar 20 minutos. Retire a carne e fatie e coloque numa assadeira. Decore com a fruta pão, a batata e a calabresa.
Fontes: